Sunday 16 October 2011

Felicidade...

Não estamos aqui para encontrar felicidade. Não foi por este singular motivo que nascemos. Nascemos para cumprir missão que somente aos Mestres é dado conhecer. Então, por que pensar recorrentemente que nossa única função aqui é buscar, encontrar e vivenciar uma eterna felicidade?

Não é... E para todos os que fazem disso seu objetivo maior na vida, essa tal felicidade jamais chegará...

Por quê? Porque nada nem ninguém pode ser responsabilizado por nenhum de nossos atos, nossos pensamentos, nossos sentimentos e sensações...

Felicidade é um estado de espírito... sempre! Ou, como disse uma vez um poeta (tão pós-moderno quanto eu mesma!), “felicidade é a procura pela verdade, pela sua verdade interior e única.”

Atrelar sua felicidade a alguma coisa ou a alguém é o primeiro estágio de ser infeliz...

Felicidade real é interior, transborda nos traços e compõe seus próprios retratos internos, reinventando os externos... Rejuvenesce! Encanta, mesmo sem ter a menor intenção de encantar... Porque se trata e retrata a íntima relação entre tudo o que você é, tudo o que sabe ser e tudo o que descobriu sobre você mesmo.

É a maior apologia da verdade, da sua verdade pessoal. É um encontro íntimo, delicado e delicioso que só acontece dentro do ser humano que não tem medo de se assumir como é...

Esperar que algo ou alguém vá fazer com que seus dias se tornem felizes, com que você finalmente encontre a famosa felicidade decantada em verso e prosa é viver sem saber o que é ser feliz de fato...

Nada é mais genuíno do que o sorriso íntimo de quem se reconhece internamente feliz, simplesmente por se reconhecer, por saber que perfeição não existe, por ter certeza que somos eterna busca...

De nada adianta esperar que a felicidade vá dar de cara com você em alguma esquina da vida... Ao contrário... Ela é a única companhia real em todas as esquinas, todos os momentos, até mesmo naqueles em que as lágrimas teimarem em rolar sem serem chamadas!

Felicidade é interna... é seu encontro com você mesmo, é sua descoberta pessoal das suas verdades...

Nada é mais reconfortante do que ter a certeza de que, não importa o quanto tentem apagar o brilho do seu olhar, o resplandecer da sua face, a simplicidade do seu sorriso, ninguém verdadeiramente conseguirá. Porque quem vive para sustentar aparências e aparente felicidade, não aprendeu ainda o que é viver. Não sabe que nossa felicidade é tecer diário, de fiandeira incansável... É tapeçaria própria, única, tão rara e pessoal, que somente a nós mesmos cabe produzir, pendurar e conservar no coração...

Apenas essa felicidade arte e artesã nos acompanhará em todos os segundos, até o último suspiro que, para quem percebeu que felicidade é saber viver e saber verdadeiramente quem é, será de extrema alegria e deixar-nos-á com doce sorriso nos lábios...

Aliás... o mais importante sempre é nunca esquecer de que “o porquê de ser feliz é ser feliz sem os porquês!!”

Verdade

O ser humano cresce com a idéia de que somos seres sociáveis por natureza, que necessitamos da presença e companhia de outros seres humanos para conseguirmos realizar nossos maiores e mais belos sonhos, acalentados profundamente naquele local que trazemos bem dentro de nós e que tratamos de manter escondido, nos mais das vezes, de todo e qualquer um, às vezes até de nós mesmos.

Só que ninguém nos ensina a mais primordial das verdades: somos seres fadados à solidão. Em todo e qualquer momento realmente importante, estaremos sozinhos, desde o primeiro segundo em que abrimos nossos olhos físicos neste planeta, em nosso momento de nascer, até o instante inevitável em que fecharemos esses mesmos olhos físicos para sempre, deixando este planeta.

Nossos sentimentos, nossas emoções, nossa percepção de tudo e de todos é estritamente pessoal, não se compara, nem sequer se pode comparar a de mais ninguém. Cada um tem sua verdade pessoal relativa, e querer impingir sua verdade a outro alguém é, além de desnecessário, improfícuo.

A única grande verdade é a solidão, o silêncio... Dizem que antes de toda e qualquer grande catástrofe, qualquer grande criação, se faz um profundo e reverente silêncio no Universo.

Estar só é o que realmente é real, nada pode ser mais verdadeiro. Todos nossos grandes momentos passamos verdadeiramente sozinhos. Somente nós mesmos sabemos decodificar o que sentimos nos mais diversos momentos de nossa vida.

Além disso, somos também os únicos responsáveis pelas alegrias que vivenciarmos, bem como as tristezas, decepções, realizações e vitórias: ninguém é responsável por nada disso, ninguém além de nós mesmos. Só cabe a todos e a cada um de nós alimentar nossos sentimentos, transformar nossos sonhos e desejos em realidade, fazermo-nos companhia em toda e qualquer situação.

Aliás, apenas quem está profundamente satisfeito consigo mesmo e com sua própria companhia pode encontrar verdadeiramente quem deseje partilhar e compartilhar a vida. Senão, não será compartilhamento o que se viverá e, sim, alguma tentativa perniciosa de procurar no outro o que não temos, e, isso, não é, nem pode ser, nada além de parasitar o outro.

Como bem diria o poeta: “E todo mundo é sozinho e ai de quem pensar quem não...” “E resta a quem está sem seu amor, amar sua solidão”.

Talvez, exatamente por isso, o único amor que realmente importa é o amor próprio porque para amar sua solidão só se ama ao amar-se primeiro. Ninguém doa o que não possui... Não se partilha o que não se tem... Só se ama e se recebe amor ao amar-se primeiro e sempre...

Desfrute de sua própria companhia, seja seu maior e melhor amigo, ame-se! E entenda que no mais das vezes, todo o resto é simplesmente Maya...