Saturday 12 September 2009

Brasileira

Não nego meu sangue xavante,
Eu o trago no rasgar do meu olhar...
Olhar com ardor único, contido, amante...
De caçador que cisma a sonhar...

Não nego meu sangue cangaceiro,
Eu o percebo no jeito desconfiado,
Perceptivo, observador, matreiro,
De vigilante que vigia a vida com cuidado...

Não nego meu sangue suíço, celta...
Eu o carrego comigo diariamente,
Em cada pensamento lógico, entre alfas e deltas,
Nos cálculos perfeitos, em cada roldana da minha mente...

Não nego meu sangue francês,
Eu o abraço e demonstro em cada delicadeza,
Cada perfumar de novo dia, no gesto cortês,
Em cada explosão passional, para espantar as tristezas...


Não nego meu sangue cristão novo, judeu distante...
Eu o sinto a me emocionar em cada detalhe,
No meu profundo respeito por cada credo, a cada instante...
A me marcar o coração como um belo entalhe...

Não nego meu sangue de Terras de Madeira...
Eu o percebo pulsar forte cada vez que vejo um tear...
Ou no sorriso de menina faceira,
Que teima em brincar a qualquer tempo, ou lugar...

Nunca neguei minha colcha de retalhos,
Que me deu uma personalidade única, diferenciada...
Brasileira em sua essência, mistura de tantos atalhos,
Tantos sentimentos, tantas vivências, tão misturada...


Apenas...eu mesma...

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