Monday, 17 April 2017
DOM QUIXOTE
Vi recentemente uma foto que uma amiga compartilhou e esta foto me colocou para pensar bastante. Trata-se da foto de uma escultura belíssima de Dom Quixote e seu fiel escudeiro, Sancho Pança, feitos de materiais diversos. Todos, com quase certeza, descartados pelos donos originais.
A mim, pareceu que aquele nada aleatório amontoado de objetos dava forma e "vida" ao que poderíamos sem muito medo de incorrer em erro chamar de sonho. Sonho de criar a partir do descartável de alguém o sonho do artista e, talvez, o sonho de muitos.
Então, me pus a pensar, do quê são feitos os sonhos? O quê os amalgama de modo a trazer para o concreto algo que criamos na imaginação apenas e, no mais das vezes, não pode ter tradução fiel na dimensão física que nos acostumamos a vivenciar?
O sonho do artista foi concretizado ao deslumbrarmo-nos com celulares obsoletos, molas enferrujadas, arremates esquecidos de metal, tampinhas de refrigerante, pedaços de acrílico... todos transmutados na personificação do eterno caçador de sonhos, Dom Quixote e seus oníricos moinhos de vento.
Se foi possível conceber algo tão belo do lixo, literalmente, acredito que é mais do que viável construir sonhos com todo e qualquer material que tenhamos em mãos. Moldamos nossos sonhos com todos os pedaços e retalhos que nos sobraram de antigos sonhos desfeitos e caquinhos estraçalhados pelas decepções passadas. Não importa o quão frágeis, desgastados ou descartáveis sejam estes materiais. Tudo depende da vontade. Porque, no fundo e em resumo, é ela quem cria.
Nossa vontade, nossa mente cria nossos sonhos. Somos o que pensamos que somos. Construímos os sonhos que acreditamos e pensamos serem reais e possíveis.
Não realizamos sonhos que nossa própria mente rotula de impossíveis, que nós mesmos, mesmo que inconscientemente, não queremos realizar.
Afinal, em verdade, não passamos, em última e fria análise, do sonho de algo muito maior que nós mesmos e que nosso universo conhecido.
Então. Sonhe, mas não esqueça que trazer seus sonhos à vida, só depende de você mesmo.
Lúcia Helena Ornellas
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