No tabuleiro, as peças foram dispostas,
Cavaleiros e bispos a proteger sua rainha,
A disputá-la com o rei que a aprisiona,
No calabouço da paixão ilusória e fria.
As regras foram quebradas e transgredidas,
Nada é o que parece e não há lógica a seguir,
Apenas uma rainha perdida, sem saber reinar,
Que estuda o próximo movimento com cuidado.
Não é mais o jogo que aprendeu menina,
É apenas um jogo de paixões desenfreadas,
Que rompe madrugadas sem fim em uma disputa
Da qual a rainha apenas pode observar.
Qualquer movimento em falso e seu mundo desmorona,
As outras peças a observam e a empurram
Sem delicadeza, para o recôndito de sua mente,
Lugar onde pode ser simplesmente ela mesma.
Até que em meio a peões sem vontade própria
Surge o mais inusitado dos personagens
Membro de outro jogo, atraído pela confusão,
Aparece e observa a rainha perdida...
Estende a mão, toca seu rosto, sorri...
E diz à rainha que a única saída é fechar o jogo,
Terminar a partida e retirar-se serena
Recomeçar em outro lugar, em outra aventura...
E a rainha fecha os olhos, sorri, tímida,
Acena para as peças a disputarem entre si
E estende a mão ao coringa de espadas
Que a resgata para um novo jogo a começar...
Lúcia Helena Ornellas
No comments:
Post a Comment